O Que é Câncer de Colo de Útero?
Entre todos os tipos de cânceres em mulheres, o câncer de ovário é o que tem a taxa de sobrevivência mais baixa. Sendo diagnosticado anualmente em quase 250.000 mulheres em todo o mundo, o câncer de ovário é responsável por 140.000 óbitos por ano. Os dados estatísticos indicam que apenas 45% das mulheres com câncer de ovário têm probabilidades de sobreviver por cinco anos, em comparação com 89% das mulheres com câncer de mama.
As nações desenvolvidas e em desenvolvimento são igualmente afetadas por essa doença. Os sintomas são, muitas vezes, erradamente diagnosticados, dado que podem ser confundidos com sintomas de outras doenças menos graves, especialmente enfermidades gastrintestinais.
Representação esquemática da pelve feminina
É um tipo de tumor que apresenta uma história longa desde suas lesões iniciais até atingir o câncer, com cerca de 10 a 20 anos. Se diagnosticado precocemente, principalmente nas lesões iniciais ou pré-cancerosas (intraepiteliais), pode ser curado em 100% dos casos. Já nas fases mais avançadas, onde o tumor cresceu para regiões além do colo do útero, o prognóstico se torna reservado, com risco de sofrimento acentuado por dores, hemorragias, comprometimento renal e até a morte.
O agente etiológico é o papilomavírus humano (HPV). A mulher adquire este vírus no início da vida sexual, muitas vezes na adolescência, e em decorrência de fatores imunológicos da mulher e à própria agressividade do agente, a infecção se torna persistente, ocasionando lesões pré-cancerosas no colo uterino. Se a condição imunológica for ruim e o tipo do HPV agressivo, ou o tratamento recomendado não for aplicado, estas lesões podem progredir para o câncer.
O HPV é um tipo de vírus bastante comum na população. A maioria das mulheres será exposta a este agente durante suas vidas sexuais, porém a infecção é de forma transitória, onde o próprio organismo tem a capacidade de eliminar o vírus num período que varia de seis meses até dois anos. Mesmo que ocorra o desenvolvimento de alguma lesão, o próprio sistema imunológico pode “curar”, sem nenhum tratamento. Em cerca de 10% dos casos, onde a imunidade não conseguiu reagir à presença do vírus, pode ocorrer a persistência da infecção, com evolução para lesões de maior gravidade. Aí nesta situação é necessário o tratamento das lesões, com a remoção da porção acometida do colo do útero.
Existem mais de 150 tipos de HPV, cerca de 40 são habitantes da região genital e 15 são mais agressivos, chamados oncogênicos (cancerígenos). Os HPV não agressivos, ou não oncogênicos, ocasionam as verrugas genitais, ou condilomas, que são lesões benignas sem risco de evolução para câncer. O tratamento destas verrugas pode ser por meio de medicamentos locais que destroem ou estimulam a imunidade, ou a retirada cirúrgica.
As lesões pré-cancerosas provocadas pelos vírus cancerígenos no colo uterino são chamadas de neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC). Estas são divididas em 3 graus: I, II e III. A NIC I representa lesão com comportamento benigno e em geral não requer tratamento, pois regride espontaneamente na maioria das vezes. A NIC II, considerada de gravidade intermediária, em adolescentes tem comportamento benigno com altas taxas de regressão. Já na mulher de mais idade, em geral a partir dos 24 anos requer tratamento que pode ser por destruição (cauterização ou vaporização) ou retirada (excisão). A NIC III é a real lesão precursora do câncer e requer sempre tratamento, por excisão. As taxas de cura são altas, com baixo risco de recidiva.
Já no câncer de colo uterino, ocorre aparecimento de lesões com destruição ou formação de tumor, que tem como extensão direta a vagina, paramétrios (tecidos ao redor do colo), bexiga e reto.
Tipos de Câncer de Colo de Útero
O câncer de colo de útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, região localizada no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras.
O câncer de colo de útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, região localizada no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras.
Quando as alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
- Carcinoma Epidermoide: representa cerca de 80% dos casos da doença;
- Adenocarcinoma: representa 10% dos casos.
Sistema TNM
Este sistema usa três fatores para classificar o câncer de colo do útero: T (tumor), N (linfonodo) e M (metástase). Ele avalia a extensão do tumor, além de determinar se houve disseminação para os linfonodos e, ainda, se outras áreas foram atingidas.
- Tumor Primário (T): se o tumor é classificado como TX, isso quer dizer que ele não pode ser avaliado. Se é T0 (zero), quer dizer que ele não pode ser encontrado. Existem também outras classificações, que vão de 1 a 4 (T1, T2, T3 e subdivisões de cada de cada um, além da classificação T4), que indicam o tamanho e se o tumor se disseminou nas proximidades. Então, quanto maior for o número, maior é o tumor ou mais ele se disseminou ou as duas coisas aconteceram juntas;
- Linfonodos Regionais (N): o “X” é acrescentado na letra N se os linfonodos próximos do tumor não puderem ser avaliados (NX). Da mesma forma, o número 0 é acrescentado na letra N para indicar que nenhuma disseminação para linfonodos próximos ao tumor foi encontrada (N0) e o número 1 para indicar que o tumor se espalhou para linfonodos vizinhos (N1);
- Metástase à Distância (M): a letra M indica se houve metástase para outras partes do corpo. Então, M0 (zero) significa que nenhuma disseminação foi encontrada e M1 quer dizer que o tumor se espalhou e atingiu regiões distantes.
Estágios do Câncer de Colo de Útero
Há dois tipos de sistemas para categorizar o câncer do colo de útero, usado pela AJCC (American Joint Committee on Cancer) e pela UICC (União Internacional de Controle do Câncer).
Há dois tipos de sistemas para categorizar o câncer do colo de útero, usado pela AJCC (American Joint Committee on Cancer) e pela UICC (União Internacional de Controle do Câncer).
Existem dois sistemas utilizados para detectar a extensão do câncer de colo do útero, que são o Figo (International Federation of Gynecology and Obstetrics) e o TNM (apresentado acima), que é usado pela AJCC (American Joint Committee on Cancer) e pela UICC (União Internacional de Controle do Câncer). Confira como é o Sistema Figo.
- Estágio 0 (zero): o tumor encontra-se apenas nas células de revestimento do colo do útero.
- Estágio 1: o tumor já invadiu o colo do útero, mas ainda não se espalhou para os outros órgãos. Esse estágio pode se desdobrar em seis fases, que são as seguintes:IA – há pouca presença de poucas células cancerosas, que são vistas somente no microscópio;
IA1 – nesta fase, a área do câncer atingiu 3mm de profundidade e até 7mm de largura;
IA2 – quando o câncer atingiu uma área entre 3 e 5mm de profundidade e até 7mm de largura;
IB – quando o câncer atingiu uma área maior que 5mm no tecido conectivo do colo do útero ou possui mais de 7mm de largura;
IB1 – quando o câncer não tem mais de 4cm, mas é visível;
IB2 – quando o câncer tem mais de 4cm e é visível.
- Estágio 2: o câncer, ainda concentrado na região pélvica, já se encontra além do colo do útero. Este estágio pode ser dividido nas fases:
IIA – quando o câncer chega até a parte superior da vagina, mas não atinge o terço inferior;
IIB – quando o câncer atinge o tecido parametrial (próximo ao colo do útero).
- Estágio 3: quando o câncer já atinge a parte inferior da vagina ou a parede pélvica, podendo bloquear os ureteres, temos as fases:
IIIA – quando o câncer atinge o terço inferior da vagina, mas não a parede pélvica;
IIIB – quando o câncer atinge a parede pélvica ou bloqueia o fluxo de urina para a bexiga.
- Estágio 4: o câncer atinge órgãos de outras partes do corpo. Este estágio tem as seguintes fases:
IVA: quando o câncer atinge a bexiga ou o reto, próximos ao colo do útero;
IVB: quando o câncer atinge órgãos mais distantes do colo do útero.
Causas e Fatores de Risco
Os fatores de risco para a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e consequentemente para as lesões pré-cancerosas e o câncer estão associados ao comportamento sexual, hábitos de vida e algumas doenças.
Os fatores de risco para a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e consequentemente para as lesões pré-cancerosas e o câncer estão associados ao comportamento sexual, hábitos de vida e algumas doenças.
- Início sexual precoce – Mulheres que iniciam a vida sexual muito jovens apresentam maior risco de exposição ao HPV, com diversas infecções repetidas. Também a adolescente apresenta o colo uterino juvenil, o que favorece a penetração do vírus.
- Multiplicidade de parceiros sexuais – Há risco de infecções múltiplas pelos HPV, bem como outros agentes infecciosos que podem interferir na resposta imunológica à presença do vírus.
- Fumo – O tabaco é absorvido pelo pulmão e disseminado na corrente sanguínea, sendo eliminado no muco do colo uterino. Este tabaco provoca danos à célula do colo e tem efeito de baixar a imunidade local, dificultando a eliminação do vírus.
- Imunossupressão – Doenças que interfiram diretamente no sistema imunológico, como o HIV, hepatites, diabetes, uso de corticóides, transplantadas de órgãos, tem comportamento ruim frente à infecção por HPV. Mesmo que as lesões tenham tratamento adequad, é comum a recidiva, com maior risco de evolução para câncer e em geral em período mais curto.
- Desnutrição – A falta de alimentos ricos em betacarotenos, presentes em vegetais amarelos e verdes (mamão, cenoura, couve, brócolis), interfere com a imunidade, levando a persistência da infecção pelo HPV.
- Uso de contraceptivos hormonais – Tem interferência na imunidade, quando em altas doses de hormônios utilizados por longos períodos, acima de 5 anos.
- Baixo nível socioeconômico – Este fator está ligado à falta de acesso aos exames preventivos, bem como à falta de assistência médica frente aos casos de infecções genitais.
- Infecção por Chlamydia trachomatis – doença sexualmente transmissível causada por uma bactéria e costuma não ocasionar sintomas na maioria das mulheres infectadas. Quando está associada ao HPV, interfere na eliminação da infecção viral, ocasionando maior risco para câncer.
Prevenção do Câncer de Colo de Útero
A maioria das mulheres tem um ou mais fatores de risco para câncer de ovário. Mas a maioria dos fatores comuns apenas aumentam ligeiramente o risco, de modo que eles explicam apenas parcialmente a frequência da doença.
A maioria das mulheres tem um ou mais fatores de risco para câncer de ovário. Mas a maioria dos fatores comuns apenas aumentam ligeiramente o risco, de modo que eles explicam apenas parcialmente a frequência da doença.
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo papilomavírus humano (HPV), que acontece por via sexual, presumidamente através de abrasões microscópicas na mucosa ou na pele da região anogenital.
Como Prevenir o Câncer de Colo de Útero?
- Preservativo – o uso da camisinha pelo homem durante a relação sexual com penetração só protege parcialmente do contágio pelo HPV, pois também pode ocorrer transmissão pelo contato com a pele da vulva, região perineal (entre o sexo e o ânus), perianal (em volta do ânus) e bolsa escrotal. O uso da camisinha feminina oferece uma proteção maior.
- Vacinação contra o HPV – o Ministério da Saúde implementou a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos de idade, que protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros subtipos causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.
- Exame Papanicolaou – o exame preventivo é recomendado para mulheres de 25 a 64 anos que têm ou já tiveram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser feitos com intervalo de um ano. Se os resultados forem normais, passará a ser feito a cada três anos. Mesmo as mulheres vacinadas deverão realizar o exame, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.