Congelamento do tecido ovariano: preservação da fertilidade em pacientes com câncer

Você conhece a técnica do congelamento do tecido ovariano?

Muitas mulheres com problemas de fertilidade se beneficiam do congelamento de óvulos. Porém existem algumas que não podem realizar esse procedimento devido a condições médicas especiais, como o câncer. Para mulheres que enfrentam a doença, a fertilidade é um tema delicado e que traz muitas dúvidas.

Nesses casos, um procedimento experimental que realiza o congelamento do tecido ovariano pode auxiliar em problemas de fertilidade devido ao câncer. Contudo, antes de qualquer decisão ser tomada, é preciso conversar sobre o assunto com seu médico ou um especialista, que poderá te oferecer informações e recomendações sobre o tema.

Como funciona?

O congelamento do tecido ovariano é uma opção de preservação da fertilidade para mulheres com câncer e deve ocorrer antes do tratamento da doença. O procedimento é experimental e pode ser feito em mulheres e jovens que não atingiram a puberdade. Pacientes que não podem se submeter à indução da ovulação com hormônios também podem se beneficiar da técnica.

Para realizar o congelamento do tecido ovariano, é necessário retirar todo ou parte de um ovário por meio de laparoscopia – cirurgia em que um tubo fino e flexível é passado através de uma pequena incisão perto do umbigo para observar a pelve. Normalmente, corta-se o tecido do ovário em pequenas tiras, para que ele possa ser congelado e devidamente armazenado.

Com o fim do tratamento para o câncer, o tecido ovariano pode ser descongelado e reimplantado perto das trompas de falópio ou outras em partes do corpo, como o abdômen ou o antebraço. Com o tecido transplantado funcionando novamente, os óvulos podem ser coletados e fertilizados em laboratório.

Para que o procedimento seja realizado, a internação hospitalar não costuma ser necessária. Além disso, como os tecidos ovarianos costumam durar pouco tempo, normalmente são transplantados quando a mulher estiver preparada para tentar engravidar.

Principais benefícios

Em comparação com o congelamento de embriões ou o de óvulos – que, normalmente, gera dez óvulos ou embriões por tentativa de congelamento –, o congelamento de tecido ovariano permite que as mulheres congelem um número bem superior, podendo chegar a centenas ou milhares de óvulos imaturos, para uso futuro. Quando o tecido ovariano é colocado novamente no corpo, recuperando suas funções, os óvulos imaturos começam a se desenvolver normalmente.

Importante método de preservação da fertilidade para jovens, embora seja considerado experimental, o congelamento do tecido ovariano é frequentemente utilizado para meninas na pré-puberdade, porque quando essas jovens são diagnosticadas com câncer ou outras condições que exigem tratamentos tóxicos para os óvulos, a opção de congelamento dos óvulos não é viável, pois estes ainda não iniciarem o processo de maturação.

Cuidados e precauções

O congelamento de tecido ovariano não é recomendado para mulheres com câncer de sangue – como leucemia ou linfomas – ou câncer de ovário, visto que existe o risco de desenvolvimento de células cancerosas no corpo do tecido congelado.

Se esse não é o seu caso, ainda que esteja apta a realizar o procedimento, é muito importante que você tenha ciência dos possíveis riscos e consequências do congelamento do tecido ovariano. Para isso, é essencial que exista uma comunicação aberta com seu médico, incluindo membros da família próximos a você.

Estudos e resultados

Como o método ainda é experimental, o congelamento do tecido ovariano produziu um pequeno total de nascidos vivos até o momento. Profissionais vêm pesquisando os melhores métodos para o sucesso do procedimento, sendo que o congelamento rápido do tecido (vitrificação) revelou bons resultados em comparação com métodos anteriores de congelamento lento.

Resultados de uma pesquisa publicada na revista Sciences Reproductive mostraram que mais de um terço das mulheres que congelam o tecido ovariano continuam tendo a possibilidade de gerar filhos. De um total de 309 procedimentos realizados no estudo, houve 84 nascimentos e outras oito gravidezes que ultrapassaram o primeiro trimestre. Outro benefício trazido pelo procedimento e comprovado no estudo foi a capacidade de restauração das funções reprodutivas, além da reversão da menopausa de quase dois terços das mulheres.

 

Referências

 

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