Para chamar a atenção dos brasileiros e dar voz às mulheres que enfrentam o câncer de colo do útero, sociedades médicas, especialistas e ONGs se uniram à Roche, líder mundial em oncologia, para lançar, em agosto de 2016, o movimento Força Amiga. A iniciativa tem como objetivo estimular o apoio à pacientes com a doença e incentivar o debate em torno do tema e todos os seus estágios.
Dividida em diferentes etapas, a campanha prevê ativação nas redes sociais, com o uso da hastag #ForçaAmiga, engajamento de celebridades, sensibilização da sociedade por meio de conteúdo na conta de luz, por meio da parceria com a AES Eletropaulo, intervenções no Metro de São Paulo e Programa Poupatempo, além de disseminação de conhecimento entre os especialistas, jornalistas, blogueiras e influenciadores, para fomentar uma discussão integral sobre a doença. A iniciativa conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos – EVA, a Associação Brasileira de Patologia do Trato Genitário Inferior e Colposcopia (ABPTGIC) e as associações de pacientes FEMAMA, Oncoguia, Lado a Lado e Todos Juntos Contra o Câncer.
O câncer de colo do útero é o terceiro mais comum em mulheres brasileiras. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), serão 16.340 novos casos em 20161, um aumento de 4,8% na incidência (15.590 registrados em 2015). Estima-se ainda que mais de 5 mil mulheres morrem por ano em decorrência da doença, o que totaliza uma morte a cada 90 minutos2.
Segundo Dr. Gustavo Fernandes, médico oncologista e presidente da SBOC, o cenário da doença no País é alarmante. As taxas de sobrevivência para o câncer de colo do útero no Brasil estão abaixo daquelas observadas em países desenvolvidos3, refletindo um diagnóstico tardio e falhas no tratamento. Apesar da alta incidência e mortalidade, pouco se fala sobre a doença, principalmente na fase avançada. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Datafolha, constatou que 73% dos brasileiros não conhecem pessoas que tenham ou que já tiveram câncer de colo do útero4. “A causa propõe uma verdadeira construção, passo a passo, de um futuro melhor para as mais de 16 mil mulheres que são diagnosticadas por ano com a doença no Brasil”, reforça Dr Gustavo.
Especialistas alegam que o conhecimento insuficiente da doença e das ferramentas para sua prevenção e tratamento justificam as altas taxas de incidência, morbidade e mortalidade no país. A doença é causada pela infecção persistente e não tratada adequadamente de alguns tipos de vírus, entre eles o HPV, mal que atinge 685,4 mil pessoas no Brasil5, um problema que pode ser evitado.
Muitas vezes barreiras culturais se somam a falta de informação, como a vergonha de realizar exame ginecológico ou proibição por parte de companheiros. Por isto a informação sobre as ferramentas de controle, como vacina, exame preventivo de papanicolaou e avanços no tratamento precisam ser globalmente difundidos na população, explica Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da FEBRASGO.
No Brasil, 77% das pacientes com câncer de colo do útero são diagnosticadas com a enfermidade já em fases mais avançadas6, quando começam a surgir os primeiros sintomas, como sangramentos e dores pélvicas. Neste cenário, a paciente passa a ser uma figura ignorada pela sociedade, muitas vezes abandonada pelos seus parceiros e tratada com terapias insuficientes na saúde pública. Sem voz para lutar pelos seus direitos, essas mulheres jovens e economicamente ativas partem precocemente deixando filhos sem amparo.
O tratamento do câncer de colo do útero
Estudo brasileiro, publicado em 2014, com mais de 51 mil mulheres, evidenciou que 20% das brasileiras com câncer de colo do útero apresentam resposta terapêutica inadequada as tecnologias utilizadas atualmente6. Devido aos avanços científicos, existem novos recursos terapêuticos que podem aumentar a expectativa de vida em pacientes diagnosticadas com câncer de colo de útero avançado. A escolha da terapia ideal para cada paciente dependerá do estágio da doença e condições clínicas da paciente. Em muitos casos, os tratamentos oferecidos contemplam apenas as combinações de cirurgia, quimioterapia isolada ou radioterapia, deixando de lado o uso de terapias mais inovadores, que podem proporcionar maiores benefícios as pacientes que hoje já tem a doença e que não se beneficiam de estratégias de prevenção.
Diante desse cenário, Anvisa aprovou recentemente a indicação de um medicamento biológico já utilizado em outros países e recomendado com alto nível de evidência científica, o bevacizumabe, como a primeira terapia-alvo oferecida para o tratamento do câncer de colo do útero e o único avanço nos últimos 10 anos para tratar a doença em seu estágio mais grave. Trata-se do primeiro medicamento biológico que trouxe o benefício de taxa de sobrevida global sem redução da qualidade de vida das pacientes com esta doença.
Atualmente, diversas ações já foram implementadas no Brasil para o combate ao câncer de colo do útero, desde a vacina contra o HPV até a melhoria da qualidade do Papanicolaou e a cirurgia de lesões precursoras. Porém, especialistas, como o médico oncologista Dr Fernando Maluf, defende que “são necessárias melhorias em todas as etapas da doença, incluindo novas alternativas medicamentosas no SUS, para que os médicos também do setor público possam prescrever o tratamento mais adequado para suas pacientes”. No dia Mundial do Câncer de 2016, foi discutido o gerenciamento completo do câncer, ao promover a expansão de políticas de diagnóstico, além de tratamento paliativo e melhorar o acesso ao tratamento de câncer7. Por esse motivo, a conscientização sobre a doença e seu tratamento é a principal aliada na luta por melhores tratamentos para todas as mulheres.
Sobre o perfil da brasileira com câncer de colo do útero
Entre as pacientes que lutam contra a doença figuram mulheres jovens, média de idade de 49 anos8, com baixa escolaridade e casadas. Essas mulheres enfrentam a realidade do diagnóstico do câncer de colo de útero e dão início a uma jornada com pouca informação, dificuldade de encaminhamento e acesso ás inovações em tratamento para esses casos.
A previsão é que apenas daqui a 18 anos a vacinação contra o HPV, amplamente disponível desde 2014, ajude na redução efetiva do número de casos de câncer de colo do útero, causados pelo papilomavírus (HPV). Até 2034, para muitas mulheres, esse câncer ainda poderá ser uma realidade, e o acesso à saúde integral da mulher é elemento estratégico para a inclusão social, busca de equidade e fortalecimento do sistema público de saúde.
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Referências
- Taxa de mortalidade no Brasil pelo do Instituto Nacional do Câncer (INCA) – http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_nacional_
controle_cancer_colo_utero/conceito_magnitude - Incidência do Câncer no Brasil pelo do Instituto Nacional do Câncer (INCA) – http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/tabelaestados.asp?UF=BR
- Fundação Oswaldo Cruz A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro. / Fundação Oswaldo Cruz… [et al.]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/ Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2012.
- Pesquisa Datafolha
- Incidência de Infecção por vírus do HPV no Brasil pelo Ministério da Saúde – http://www.aids.gov.br/pagina/dst-no-brasil
- Nogueira-Rodrigues et al, Gynecol Oncol. 2014;
- PAHO
- Thuler LCS, Bergmann A, Casado L. Perfil das Pacientes com Câncer do Colo do Útero no Brasil, 2000-2009: Estudo de Base Secundária. Rev Brasileira de Cancerologia 2012; 58(3):351-357;